Feminicídio

Em torno de 50% dos assassinatos cometidos contra as mulheres ocorrem tendo como motivo o pedido de separação ou a suspeita de adultério, decorrendo daí a maioria dos crimes tipificados como de feminicídios íntimos

O crime de feminicídio íntimo é um contínuo de violência. Antes de ser assassinada a mulher já passou por todo o ciclo de violência, na maior parte das vezes, e já vinha sofrendo muito tempo antes.

Nas palavras de Grosz (2000, p. 58): “…o corpo [feminino] é visto como um lugar de posse, propriedade de um sujeito, que dissociado da carnalidade, toma decisões e faz escolhas sobre como dispor do corpo e de seus poderes”. Ademais, a lógica masculina autoriza a apropriação do corpo feminino em seu ‘proveito’ e, muitas vezes, se utiliza da violência feminicida para dominá-lo e domesticá-lo. Aqui, como de resto na prática dos crimes de guerra, o estupro se torna um elemento central de controle sobre o corpo feminino.

As características desses assassinatos de mulheres se aproximam da categoria de genocídio seja por suas dimensões, seja pela intenção de letalidade que apresenta o fenômeno. São crimes contra a vida da mulher, que incorporam um sistema de classificação corporal nas práticas de estupros em massas, com motivações que podem ser desde a limpeza étnica, as lutas nacionalistas, pertencimentos religiosos individuais e coletivos, os extermínios massivos contra um povo, como as missões suicidas contra as populações civis [os terroristas Kamikazes], entre outras que vem ocorrendo atualmente (URIBE, 2004; CORRADI, 2009; SEGATO, 2014).

Fonte: Fonte: BANDEIRA, M. L. Violência, gênero e poder: múltiplas faces. IN: Mulheres e Violencia – Interseccionalidades